Obaluayeh



Orixá das doenças e da cura, Obaluaê (manifestação jovem - guerreiro, caçador, lutador) ou Omulu (manifestação velha - sábio, feiticeiro, guardião), como é mais conhecido, representa a manifestação de Deus entre o mundo terrestre e o espiritual. Temido na maioria dos terreiros, sua fama como senhor das pestes, das doenças contagiosas ou não, ele, na verdade, é o médico dos pobres. Sou regida por ele e me sinto como se tivesse uma equipe médica ao meu lado, diariamente. 

Reza a lenda que era filho de Nanã, que o abandonou por ser doente, sendo criado por Iemanjá que o alimentava com pipoca sem sal acrescida de mel para melhorar o gosto, e passava azeite de dendê em suas feridas para aliviar a dor e coceira. 
Sua representação visual é revestida de mistério, pois é o Orixá que cobre o rosto com o Filá (de palha da Costa). É proibido ver o seu rosto devido à deformação feita pela doença e pelo respeito que devemos a esse poderosíssimo Orixá. 
Está presente no funcionamento do organismo, na dor que sentimos por um corte, queimadura ou traumatismo, agonia, aflição, ansiedade. A ele devemos a nossa saúde. Cuida também da pele e de suas moléstias. Também conhecido como Xapanã, seus filhos geralmente têm alergias, coceiras, pneumonia e até mesmo tuberculose, como eu mesma presenciei um deles ter. Rege as pessoas que têm problemas mentais, perturbações nervosas e todos os desequilíbrios do sistema nervoso. Sua influência, além dos cemitérios, pode ser sentida nos hospitais, casas de saúde, ambulatórios, clínicas, sempre próximo aos leitos. Cuida dos mutilados, aleijados, enfermos em geral. Ao contrário do que se prega, é o Orixá da Misericórdia. 

Quem tem a missão desse Orixá não pode vacilar. O compromisso com a cura é inevitável, seja profissionalmente, como médicos, enfermeiros, terapeutas ou médiuns curadores. Basicamente solitários, seus filhos ou protegidos preservam sua individualidade com uma máscara de austeridade, mantendo até uma aura de respeito e de imposição, de um certo medo aos outros. Muitas vezes são pessoas irônicas, em que seus comentários são secos e diretos, o que colabora para a imagem de terrível que forma de si próprio.

Mas a minha história com esse arquétipo começou muito cedo. Desde jovem, aparecia em meu quarto uma figura muito forte, olhar dirigido para o chão, careca e sério. Achava estranho, mas quando iniciei a minha vida espiritual aos 18 anos, pude entender a sua presença. Sempre me protegeu, até no desamparo familiar, quando tive pneumonia e fui salva por ele, sem medicamentos. Todas as vezes que me encontrei numa situação crítica, ele ali estava e uma das mais significativas foi quando há cerca de 5 anos, tive um infarto, sozinha em casa. Minha respiração começou a ficar ofegante, senti uma queimação em todo o lado esquerdo dentro das artérias, como se elas estivessem levando um líquido ácido para o resto do corpo, comecei a desmaiar e a sentir uma pressão dentro da cabeça como fosse explodir a minha caixa craniana. Senti se esvaírem as minhas forças e iniciei uma descida quase que em câmera lenta. Quando atingi o chão, ouvi uma voz suave que me disse para ter calma. Imediatamente, senti como se estivessem colocando algo em minha garganta, o que imediatamente me fez começar a tossir. Cada vez que tossia parecia que a cabeça ia implodir de dor. Mas à medida que tossia, percebia que obrigava o coração a voltar ao seu ritmo normal, obrigando-o a levar a circulação para os periféricos. Foram momentos muito dolorosos, mas ao mesmo tempo confortantes. Eu estava sendo salva pela minha amada equipe de amigos invisíveis.

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